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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Viva Zumbi dos Palmares



Estamos nos aproximando do dia 20 de novembro, dia escolhido pelos
movimentos negros e sociais brasileiros, para reflexão sobre a
captura, trafico, imposição á escravidão e em alguns casos fuga do
cativeiro, do povo de raça negra vindos da África. Hoje 121 anos após
a Lei Áurea e 314 da morte do maior líder negro do Brasil, estamos
vivendo dias de intensas discussões raciais em nosso país, vejamos
apenas alguns desse embates.
• Estatuto da Igualdade racial.
• Quotas nas Universidades
• Obrigatoriedade do ensino história Afro no ensino Fundamental
• Atenção básica na área de saúde aos portadores de anemia falciforme
(doença típica dos negros) etc.
Apesar de termos avançado, sobretudo no reconhecimento e valorização
da cultura de origem negra, tendo a capoeira, samba de roda e o
acarajé reconhecidos como patrimônio cultural brasileiro e aqui mais
próximo a ida do Nego Fugido para uma série de apresentações em um
país da Europa, além da exibição do Filme Nego Fugido na 33° Mostra de
Cinema Internacional de S. Paulo. Podemos observar que na prática, no
dia á dia, existe um abismo social entre brancos e negros no Brasil.
Urge entendermos que as conquistas culturais não bastam, é necessários
avanços e conquistas em outras áreas sobre tudo na social, O mito da
não existência de pré - conceito e discriminação racial (contra
Negros) em nossa nação prejudicam a luta e as possíveis conquistas
desse grupo racial. A realidade é que saltam aos olhos o fato de os
negros serem os grupos de pessoas que mais sofrem com a falta de
saúde, educação, empregos, moradias dignas entre outras. Vejamos
Acupe, Stº Amaro BA, observemos o organograma sócio - racial dessa
comunidade, não é difícil constatar quais grupos raciais moram nas
ruas principais tais como Rui Barbosa, Renato Leoni etc., inversamente
proporcional a essa regra observamos que exceto os migrantes a imensa
maioria dos moradores das “periferias”, quase sempre sem nenhuma
estrutura urbanística, é de cor negra, se olharmos mais atentamente
veremos semelhanças na forma organizacional das comunidades do Brasil
colônia, Casa Branca (conglomerado de residências dos brancos) e
Senzala Barracos para os de cor negra. Alguns pensadores de nossa
comunidade afirmam ser Acupe um quilombo contemporâneo, afirmo, no
entanto assemelhar se mais a estrutura de uma Fazenda Colonial, cujos
espaços geográficos nobres eram dedicados a construção da casa grande
e capela e os menos nobres a senzala. Imagino um Quilombo, levando –
se em consideração de não temos informações seguras de sua
organização, como um espaço de igualdade sem distinção de espécie
alguma ao contrário do que podemos observar aqui.
Não restam dúvidas que o processo de embranquecimento, modelo
perverso implantado no Brasil colonial e reproduzido até hoje, que
consiste na imposição ao negro de nega – se a si próprio, sua cor,
cultura e religião, sucumbindo à força cultural dos dominadores
portugueses, atrapalhou e continua atrapalhando a luta pela igualdade
racial em nosso País, de tanto ser sub julgado, colocado de lado e
forçado a negar-se, alguns grupos negros incorporaram como forma de
adaptação a idéia absurda de superioridade branca, esse processo
continua até hoje, tendo como aliado o quarto poder a mídia, é
necessário o início de um processo inverso ao embranquecimento o
enegrecimento de nossa população negra, dessa vez como nos ensinou o
talvez maior líder negro contemporâneo Nelson Mandela, sem
predominância ou supremacia racial, partindo do princípio da
existência de apenas uma raça a humana

Alan Cardoso

Um comentário:

Samba de Roda Raíses de Acupe disse...

Alan
Você está de parabéns, pelo seu blog, é muito bom fala da realidade. Principalmente da nossa, a Vida Zumbi dos Palmares como você retrata tudo da nosa comunidade.
Que Deus lhe ilumine cada vez mais, sega em frente.
Joanice