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quinta-feira, 13 de julho de 2017

Fichamento do Capítulo O CALENDÁRIO do Livro História e Memória do Escritor Francês Jacques Le Goff

Este Documento é o Resultado da Atividade Proposta pelo Disciplina de Introdução ao Estudo de História do Curso Noturno da UFBA desta Ciência. E Discorre sobre o Capítulo O Calendário do Livro História e Memória do Escritor Francês Jacques Le Goff


O autor Jacques Le Goff apresenta em seu estudo uma composição detalhada sobre os diversos processos e técnicas utilizadas desde os primórdios da humanidade na tentativa de codificação do tempo cósmico.
Diferentes sociedades a fim de obterem esse “controle” do tempo construíram modelos diferentes, todavia, semelhantes de calendários. A própria designação do termo “calendário” deriva do latim calendarium que quer dizer livro de contas (Pág. 486) e mostra uma das principais funções desse mecanismo de controle de tempo a de ser exercercido por reis, padres, revolucionários detentores carismáticos (Pág. 478), para o controle do homem e de suas atividades econômicas, religiosas e sociais. O Tempo do calendário é totalmente social, entretanto foi submetido aos ritmos do universo (Pág. 478). O texto demonstra que o modelo atual (Ocidental) de calendário o Gregoriano, em vigor em muitas sociedades foi fruto de diversas experimentações e reformas e que o mesmo, ainda assim, não atingiu estatus de precisão e unanimidade, visto que possui um excesso de três milésimos de dia, assim em 10 mil anos o calendário Gregoriano terá três dias a mais. As tentativas de adequar o tempo as demandas humanas através de reformas, conclui o autor, prova que uma reforma do calendário é possível e pode trazer inegáveis progressos, todavia para que esta seja bem sucedida deve, antes de tudo respeitar a história porque o calendário é a história.

. O documento sobre o Calendário é dividido em 12 partes (Pág. 477), são elas:
* Calendário e Controle do Tempo; *O céu e a terra: A lua, o Sol os Homens; *O Ano; *As Estações; *O Mês; *A Semana; *O Dia e a Noite; *Os Trabalhos e as Festas; *Para Além do ano: Era, Ciclo, Século; *História e Calendário; *A Cultura dos Calendários e dos Almanaques e Os *Calendários utópicos.

Segundo o autor, em referência ao Calendário e Controle do Tempo (Pág. 478), A “conquista do tempo” através da medida... É um importante aspecto no controle do universo pelo homem. É também objeto de análise a forma considerada “essencial” com que os detentores de influência intervia na medida do tempo de uma sociedade como um elemento essencial do seu poder. O texto afirma ainda que o calendário é um dos grandes emblemas e instrumentos do poder, tendo: reis, padres, revolucionários... “Detentores Carismáticos”, como os senhores do calendário o texto cita ainda exemplos onde através das cosmogonias a criação do calendário é atribuída aos “deuses” (E que haja luzes no firmamento do céu para distinguir o dia e a noite e que sejam como sinais para as estações para os dias e para os anos) [...] (Gênese, 1,14).

Legoff ao discorrer sobre o O céu e a terra: A lua, o Sol os Homens (Pág. 487), diz que o Calendário depende do tempo cósmico, regulador da duração que se impõe a todas as sociedades humanas; mas, essas o captam, medem-no e transformam-no em calendário segundo suas estruturas sociais e políticas. O autor informa que a primeira divisão do tempo natural que se apresenta aos homens é o dia [...] e faz uma diferenciação dos calendários Lunar e Solar ponderando que o mês lunar varia de cerca de vinte e nove dias e seis horas a cerca de vinte e nove dias e vinte horas, trazendo irregularidades que impõe delicados problemas de cálculos assim como uma necessidade de observação freqüente. Essas anormalidades tiveram impactos, sobre tudo no contexto religioso sendo necessária a realização de ajustes, em contrapartida os calendários solares não apresentam tantas dificuldades como os lunares visto que a duração de um ano solar se adapta melhor aos ritmos da vida das sociedades. O concílio de Nicéia em 325 d.C deu início a um processo que viria culminar com a instituição do calendário gregoriano... Todavia o calendário Gregoriano em vigor até hoje em muitas sociedades possui um excesso de três milésimos de dia, assim em 10 mil anos o calendário Gregoriano terá três dias a mais.

Ao falar do Ano (Pág. 497), o autor problematiza algumas questões relacionadas a essa medida de tempo partindo da primícia que se segundo o calendário o ano é, sobretudo uma sucessão das estações e logo dos trabalhos e das festas, comporta também os quatro aspectos abaixo citados: O início do ano (Ano Novo); O ritmo anual enquanto ritmo orçamental das sociedades modernas; O problema do ano no cômputo da vida humana e o problema do ano enquanto data como ponto de referência de fatos históricos. O ano é ainda segundo o autor a unidade fundamental do calendário em 153 o 1º de janeiro foi fixado como início do ano data da entrada dos cônsules em função a já era escolhida em algumas ocasiões como ponto de partida para a contabilidade anual dos comerciantes, o ano tornou-se, portanto a medida da existência humana.

Sobre as estações (Pág. 501), o autor as apresenta inicialmente como quadro dos trabalhos e das festas do calendário e como um bom observatório para o estudo dos aspectos tradicionais do calendário. O texto informa que na Grécia antiga só existia duas estações a quente e a fria e que isso mudou posteriormente para quatro estações, segundo ele o sistema com quatro estações era religioso e simbólico além de agrícola impondo-se tanto na arte quanto no calendário antigo. O domínio cultural dos povos que vivem nos climas temperados difundiu um sistema de quatro estações (Quadripartido) o autor cita a primavera e o outono como exemplo, segundo ele essas duas estações emanaram uma aura que impõe a sensibilidade e a arte de tal modo que expulsa-lo do calendário seria impossível

O interesse pelo mês (Pág. 504), como medida de tempo parece residir em sua ligação com a lunação ligação registradas em diversos calendários. O mês já possuiu em sociedades diversas números de dias diferentes sempre intrinsecamente ligado a vida social, religiosa e, sobretudo reguladora do trabalho na agricultura e pesca, para os romanos o calendário Juliano atribuía um significado de fasto e Nefasto, á um mês fasto de trinta e um dias, a partir de janeiro, sucedia um mês nefasto de trinta dias, o mais nefasto, porém era fevereiro que tinha só vinte e oito dias numero par, no século XVIII a igreja fez do mês de maio o mês de Maria e da virgindade mês que não era conveniente casar-se.

Segundo Le Goff a semana, (Pág. 506), que parece ser uma invenção dos hebreus é a grande invenção humana no calendário a semana é testemunhada no Antigo Testamento pelos sete dias da criação no Gênese, dos hebreus passou para os gregos e para a Alexandria, mas, só se difundiu pelo ocidente depois do século III a.C. Segundo o texto a grande virtude da semana é introduzir no calendário uma interrupção regular do trabalho e da vida cotidiana, um período fixo de repouso e tempo livre.

Sobre o Dia e a Noite, (Pág. 507), Le Goff afirmou que seu interesse perpassava pela observação desses como célula mínima de tempo e, portanto ainda segundo ele como elemento facilmente manipulável, por essa razão foi mais sobre ele do que qualquer outra medida de tempo que se exerceu a manipulação religiosa do Fasto e Nefasto. Apesar de tão natural para muitas sociedades contemporâneas o dia com 24 horas que começa ás zero hora não se difundiu ainda por toda a parte, para muitos povos o dia vai de um pôr-do-sol ao pôr-do-sol seguinte.

Ao falar dos trabalhos e das festas, (Pág. 510), o autor expõe a idéia de que a função essencial do calendário é a de ritimar o movimento do trabalho e a do tempo livre.

Para além do Ano, Era, Ciclo, século... (Pág. 513), Além do sistema essencial dia/semana/mês/ano, comum a toda humanidade os sábios e os governante sentiram a necessidade de ir mais longe de dominar mais amplamente o tempo do calendário. O calendário necessita apenas de uma data de ano novo, mas, a história e todos os atos e documentos que exigem uma data puseram o problema do período do início do tempo oficial, um ponto fixo a partir do qual se inicia a numeração dos anos... O ponto fixo é a ERA... ... As eras em geral são acontecimentos que considerados fundadores, criadores com um valor mais ou menos mágico foi proposto, portanto o nascimento de cristo foi proposto por Diocleciano o mesmo situava essa data no ano 753... Hoje a era cristã é a mais aceita no mundo...
História e Calendário, (Pág. 515), Sentiu-se a cada passo que o calendário é o resultado de um diálogo complexo entre a natureza e a história. A história dos almanaques e calendários é, sobretudo uma história de reis e grandes personagens e de heróis antes de qualquer outra coisa.

A cultura dos calendários e dos almanaques, (Pág. 517), Os calendários também foram analisados pelo autor sobre a ótica de objeto, segundo ele os calendários e almanaques eram objetos eminentemente culturais, pois foram representados das mais diversas formas, com o passar do tempo na idade média, por exemplo, eles aparecem nas miniaturas e nas esculturas concebidos para a coletividade eles, segundo o autor eram locais de encontro entre privilegiado entre as culturas eruditas e populares
Os calendários utópicos (Pág. 519), ... Sabe-se que a multiplicidade dos calendários suscita um crescente embaraço para as nações que estão empenhadas em uma organização internacional e em função disso os homens não se contentaram em controlar o tempo por meio de calendários utilitários transformaram-no também em depositário de suas esperanças levados às vezes ao nível de utopia surgiram assim diversas propostas que tinha m à pretensão de atender tanto a vida social e cotidiana como os eventos religiosos, todavia para uma reforma do calendário para ser bem sucedida deve antes de qualquer coisa respeitar a história porque o calendário é história




Sobre o Autor: Nascido em 1º de Janeiro de 1924 O Historiador francês especialista em Idade Média, Jacques Le Goff foi um membro da terceira geração da Escola dos Annales, movimento que defendia, entre outras coisas a incorporação de métodos das Ciências Sociais à História.



Resumo, montagem e formatação: Alan Cardoso.

Um comentário:

andep disse...

Agora acabo de ler sobre Quilombo Acupe (Distrito de Santo Amaro, Salvador – BA) e me perguntei, será que excessivas ofertas de bens, bombardeio da propaganda, igualando todos como potenciais compradores, força a necessidade de uma maior renda e consequente necessidade de trabalhar muito mais do que seria necessário para uma vida feliz e simples? A população humana cresceu de forma geométrica, a oferta recursos natural segue de maneira biológica, resultado de bilhões de anos de evolução. Os extrativistas do Quilombo Acupe não tem como aumentar a produção de marisco e assim os catadores de marisco indiretamente aumentam suas necessidades da coleta predatória molusco de tal forma que possivelmente naquela região ele (marisco) pode correr o risco de extinção. Nada contra os catadores, mas sim contra a propaganda vinculada na mídia e na internet, criadores de necessidades supérfluas, que com certeza influem não só na população do quilombo, mas em todos nós.
São estes paradoxos da economia de mercado, o braço e a mão invisível do capitalismo tardio (atual). A propaganda é sua maneira de centralizar no presente, por meio da comunicação total e psicológica as necessidades de consumo. Um apelo constante ao aumento do consumo e das diferenças sociais: aumento da exploração e aumento da marginalidade, aumento da miséria, pois seus lindos produtos ofertados servem de parâmetros e paralelos para consumo impõe uma insana busca de recursos para tê-los, em toda sociedade mundial, uma busca insana por mais dinheiro, por mais violência, por mais exploração social.
(parte de artigo). Marcio Automare